ECONOMIA DIGITAL

Falta rede para
conectar o campo

Fazendas e regiões produtoras não têm acesso fácil à internet e ao
celular, ferramentas básicas para o avanço da agropecuária digital
 

Nely Caixeta e Armando Mendes
Publicado em 22 de janeiro de 2020, 15:38:09

Torre da Tim na Bahia: sinal 4G para alcançar propriedades rurais  Divulgação

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Esta reportagem é composta de cinco partes. Leia os demais textos nos links abaixo:

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O que pode impedir a realização do potencial de inovação do universo agro brasileiro? Dez entre dez fontes ouvidas apontam as deficiências de conectividade do campo brasileiro como o grande entrave à agricultura digital no país.

Dito de outra forma: as fazendas das regiões produtoras não têm ainda as redes de telefonia celular, internet e dados – a infraestutura básica de conexão digital –, indispensáveis para que a agricultura 4.0 possa se desenvolver plenamente.

O governo tem um plano para fomentar a Internet das Coisas que prioriza quatro ambientes – indústria, saúde, cidade e rural, este último abrangendo o agronegócio e a agricultura digital –, e criou, em agosto passado, uma Câmara da Agricultura 4.0 para reunir todos os atores interessados.

 

A FALTA DE CONEXÕES DIGITAIS NO CAMPO

É O GARGALO MAIS SÉRIO PARA A

EXPANSÃO DA AGRICULTURA 4.0

 

É preciso mexer no modelo de telecomunicações para desburocratizar e destravar os investimentos”, afirma Jose Gustavo Sampaio Gontijo, diretor do departamento que cuida de inovação digital no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações. “Hoje o modelo de telecomunicações no Brasil é baseado em concessão dos serviços de telefonia fixa; as obrigações das empresas são de telefonia fixa, não de banda larga.

Entre as ideias em discussão, segundo Gontijo, está a possibilidade de que grandes produtores possam criar intranets nas fazendas, utilizando redes de telecomunicações originalmente destinadas às operadoras de telefonia celular. “Não está nada definido, mas a ideia seria o fazendeiro colocar ele mesmo as torres para criar uma rede interna em wifi na propriedade”, ele explica.

Telemetria OtmisNet da Jacto: redução de gastos e prevenção de desperdícios   Divulgação

Enquanto essas definições não avançam, operadoras de telefonia, criadores de softwares de conexão e gestão agrícola, fabricantes de equipamentos de comunicação e usuários potenciais desses serviços se associam para desenvolver suas próprias soluções. Algumas iniciativas estão em curso em propriedades espalhadas pelo país – um exemplo é o da fazenda Água Quente, da Amaggi Agro, em Sapezal (MT), que reúne a operadora TIM, a fabricante brasileira de implementos agrícolas Jacto e a finlandesa Nokia, nome global nas telecomunicações.

Cerca de 700 equipamentos agrícolas da fazenda estão sendo conectados por uma rede 4G da TIM e monitorados pelo sistema de telemetria OtmisNet, da Jacto, com o objetivo de reduzir gastos e prevenir desperdícios. Outra grande empresa brasileira do agronegócio, a SLC Agrícola, com sede em Porto Alegre (RS), tem hoje seis fazendas conectadas por banda de telefonia celular 4G – duas delas em Mato Grosso, duas na Bahia e duas no Maranhão.

Em quatro dessas unidades, a rede telefônica é fornecida pela TIM; na quinta, pela Trópico, empresa de telecomunicações de Campinas (SP), em parceria com a fabricante de máquinas John Deere; e, na última, por outra operadora. A SLC Agrícola produz soja, algodão e milho em 16 fazendas espalhadas por seis estados brasileiros, com uma área somada de 457.700 hectares.

Este texto foi publicado entre as páginas 22 e 24 do número 39 da Revista PIB, de dez/2010 e jan/2020, como parte da matéria de capa Revolução Verde 4.0.

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