COMÉRCIO EXTERIOR

Moveleiros esperam salto nas vendas com acordo UE-Mercosul

Em dois ou três anos, exportações de móveis brasileiros para a Europa poderiam aumentar em até 50%

Publicado em 13 de agosto de 2019, 0:35:58

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Compradores globais encontraram produtores brasileiros na feira paulistana ABIMAD   Divulgação Abimóvel 

A indústria brasileira exportadora de móveis espera dar um salto de até 50% em suas vendas para países europeus nos dois ou três anos seguintes à entrada em vigor do acordo comercial Mercosul-União Europeia (UE), anunciado em junho em Bruxelas.

Maristela Longhi, a presidente da Abimóvel — a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário —, prevê um incremento imediato das exportações de móveis brasileiros para a Europa, tão logo o acordo consiga o selo político dos países envolvidos e comece a ser implementado.

“Certamente, depois de aprovado o acordo pelo Parlamento Europeu e pelas casas legislativas do Mercosul, nós aumentaríamos nossas  exportações [para a União Europeia] em torno de 20% ao ano”, diz ela.

O bloco europeu é hoje o segundo grande mercado importador de móveis brasileiros, atrás apenas dos Estados Unidos. Nos últimos três anos, a UE recebeu entre 20% e 26% das exportações brasileiras do setor, um percentual que deve se manter próximo a 20% em 2019.

Em valores, isso quer dizer vendas anuais entre 121 e 129 milhões de dólares, dentro de exportações globais que variaram de US$ 496 milhões em 2016 a US$ 633 milhões em 2018. São números ainda pequenos, reconhece Maristela Longhi, mas com grande potencial de crescimento — ela nota que as receitas de exportação mal chegam a 4% do faturamento anual do setor, hoje em torno de 68 bilhões de reais.

“Com o acordo, teremos uma redução de praticamente 25% na taxa de importação, o que é uma ferramenta de competitividaade bastante importante”. A presidente da Abimóvel afirma que a indústria brasileira investiu em maquinário moderno e tecnologia e está bem equipada para competir no mercado global. 

“A gente vinha trabalhando na assinatura deste acordo comercial desde que ele começou a ser negociado, há mais de 20 anos”, diz ela. “E sempre que participamos, ponderamos que, para o setor moveleiro, queríamos a desgravação imediata”.

Maristela Longhi, da Abimóvel: perspectiva de ganhos a longo prazo no mercado europeu  Divulgação Abimóvel 

A favor dos moveleiros nacionais, além da modernização tecnológica, trabalham ainda algumas vantagens competitivas únicas do país: a qualidade e a diversidade das madeiras brasileiras e o design original, cada vez mais reconhecido no mercado global.

Além disso, vem sendo feito um trabalho de reforço e divulgação da sustentabilidade ambiental da produção brasileira de móveis, que envolve, por exemplo, a certificação das madeiras usadas pelo FSC — o Forest Stewardship Council, organização não-governamental internacional que promove o manejo florestal responsável.

As forças contrárias ao incremento das exportações têm à frente um velho conhecido: o grupo de entraves tributários, de regulação e de infraestrutura que ganhou o apelido coletivo de Custo Brasil. “Vamos ver se agora com a reforma da Previdencia, e depois uma reforma tributária, a gente consiga diminuir um pouco os custos para ser mais competitivo”, espera Maristela Longhi.

“Se tivéssemos um ambiente de negócios melhor — e com o trabalho que tem sido feito nas plantas industriais, em maquinário e tecnologia, e na questão da sustentabilidade —, com certeza poderíamos, em cinco anos, dobrar o valor das nossas exportações.”

Jornalistas europeus visitam a CasaCor SP   Divulgação Abimóvel 

Enquanto o ambiente não melhora, os produtores procuram abrir caminho nos mercados mundiais. Este ano, cerca de cento e trinta importadores internacionais de todos os continentes vieram ao Brasil conhecer a indústria moveleira nacional, trazidos pelo Projeto Comprador, mantido pela Abimóvel e pela ApexBrasil — a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos — como parte do programa Brazilian Furniture, de promoção global do móvel brasileiro.

O grupo mais recente, de 26 importadores, passou por aqui no final de julho. Com eles, também vieram jornalistas de publicações europeias especializadas, como Domus e Bauwei. Os dois grupos visitaram, além de indústrias, a feira Abimad, a exposição CasaCor SP e o estúdio Etel Carmona, em São Paulo. 

“Esperamos colher ótimos resultados de negócios nos próximos meses”, diz Maristela Longhi. “Mas um dos principais ganhos é, desde já, a proximidade que o Programa promove entre empresários brasileiros e importadores internacionais para a construção de relacionamentos duradouros”.

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