ARTIGO
Um novo nome, please
Empresa brasileira de tecnologia percebe que Pandorga era gauchês demais para seus clientes europeus
Fabio Ellwanger* Publicado em 22 de julho de 2018, 20:46:41Você sabe o que significa pandorga? No Rio Grande do Sul, é a palavra que usamos para o brinquedo conhecido no resto do Brasil por pipa ou papagaio – uma leve armação de vime e papel que voa contra o vento, presa a uma linha enrolada em carretel e manejada por uma criança feliz (de qualquer idade). A ideia da brincadeira é levar a pandorga a voar cada vez mais alto. Eis que o nome da nossa empresa de desenvolvimento de software, até poucos meses atrás, era esse: Pandorga Tecnologia, no Brasil, e Pandorga Technologies no Reino Unido, onde mantemos uma operação desde 2011. Sim, somos uma multinacional brasileira nascida em Porto Alegre (a revista PIB nos citou pela primeira vez em 2011, na edição nº 14).
O nome foi escolhido com a emoção, mais do que com a razão, e não passou por nenhuma avaliação mercadológica. Na verdade, a decisão foi tomada numa mesa de bar depois de algumas cervejas. Para nós, representava criatividade, vontade de superar obstáculos, voar alto e ir cada vez mais longe. O novo Pandorga nos serviu muito bem no decorrer desses 11 anos. Fomos bem longe — tão longe, que tivemos de rever o nosso logo. Fora do Brasil, ele começou a nos criar algumas dificuldades.
No Rio Grande do Sul, em nossos primeiros tempos, o maior problema de Pandorga era ser, também, o nome de um programa infantil de fantoches da televisão. Quando nos apresentávamos a clientes potenciais, havia quem não levasse muito a sério aquele grupo de novatos: “ah, vocês são daquele programa infantil da TVE?”. Dávamos risada e seguíamos em frente — para uma empresa que apenas começava a ser construída, esse era o menor dos obstáculos.
Com o tempo, ganhamos maturidade, clientes, e mudamos o foco. Nascemos como uma empresa desenvolvedora de software que tinha um assinador digital como produto; aos poucos, fomos nos especializando em desenvolvimento customizado, entramos no mundo do outsourcing e da fábrica de software, conquistamos mais clientes importantes e dedicamos alguns anos a nos especializar em plataformas Microsoft. Corremos atrás de certificação profissional para os colaboradores e programas de qualidade para a empresa, até nos tornarmos parceiros Gold da Microsoft e virarmos referência no Rio Grande do Sul. O nome Pandorga traduzia bem o quão longe conseguíamos ir.
Estabelecidos no mercado gaúcho, miramos o mundo lá fora. Participamos de um programa de fomento focado em levar empresas de TI para o Reino Unido. Em 2011, estabelecemos o escritório em Londres.
Foi complicado no início, mas aos poucos formamos parcerias estratégicas e conquistamos mercado na Europa. Um dos sócios mudou-se de mala e cuia do Rio Grande do Sul para Londres. Foi nesse momento que o nome Pandorga se revelou um obstáculo
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A pronúncia da palavra é difícil para os britânicos; além disso, percebemos que às vezes eles — e outros europeus — nos confundiam com a quase homônima Pandora, uma empresa que vende jóias por toda a Europa. Voltávamos ao dilema do nome. Agora, com clientes conquistados e mercados estabelecidos, não poderíamos novamente sentar numa mesa de bar e achar outro nome depois de uma rodada de cervejas. Precisava ser algo bem pensado, que fizesse sentido no Brasil e no exterior. Em 2012, recorremos a uma agência. Depois de seis meses, recebemos três sugestões que não nos convenceram. Continuamos a nos chamar Pandorga Tecnologia/Technologies e a viver os mesmos problemas lá fora.
O Brexit e a iminente saída do Reino Unido da União Europeia nos levaram a realinhar nossos objetivos estratégicos: decidimos fortalecer a operação no mercado europeu e fazer a troca definitiva do nome. Depois de um estudo de mercado, abrimos, em 2017, uma unidade em Lyon, na França — um país onde já tínhamos clientes e perspectivas de crescimento e que ocupa posição estratégica entre o bloco europeu e as ilhas britânicas. O escritório de Londres continua a existir. Nosso sócio baseado na Europa agora se alterna entre as duas bases.
E o nome? Voltamos a conversar com agências de naming, mas acabamos decidindo que um brainstorm dos quatro sócios seria a melhor maneira de chegar a ele. Muitas reuniões depois, decidimos passar a nos chamar codeHB — assim mesmo como está escrito, code em minúsculas e HB em maiúsculas, sem espaço. Para nós, code significa codificação: a arte do desenvolvimento de software, que exercemos e na qual somos reconhecidos. Já HB é uma sigla para Helping Business, o objetivo da empresa. Não fazemos software por fazer, mas para desenvolver uma ferramenta com o objetivo principal de ajudar o negócio.
O novo nome está cumprindo seu papel: a pronúncia varia de país para país, mas os conceitos e as palavras na língua inglesa são de entendimento universal. A mudança de Pandorga Tecnologia para codeHB não é simplesmente uma troca de nome. Representa uma nova identidade, em resposta às exigências da nossa expansão e de uma presença maior no mercado global. Mas a essência não mudou: seguimos oferecendo soluções de negócios com criatividade e vontade de voar sempre mais alto.
* Fabio Ellwanger é sócio da codeHB, antiga Pandorga Tecnologia.
Este texto foi publicado na edição n° 38 da Revista PIB, de nov/dez 2017/jan de 2018.
Ola Ricardo, gostei muito da materia.