Com curadoria de Marcello Dantas, criador de outras instituições modernas (e de sucesso) como o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e o igualmente novo Museu da Natureza, no Parque Nacional da Serra da Capivara, o novo marco cultural de Manaus usa criatividade e tecnologia para apresentar os verdadeiros protagonistas da Amazônia: os rios exuberantes, a floresta e as populações (assim mesmo, no plural).
Marcello Dantas: como mostrar uma experiência
urbana radical foto S4 PHOTOPRESS – SKR
” O Museu da Cidade de Manaus vem para nos contar histórias de pessoas e de locais que construíram uma das experiências urbanas mais radicais do planeta”, disse Dantas à PIB.
“Uma cidade isolada no meio da maior floresta do mundo, com fluxos migratórios de fazer inveja a qualquer metrópole da Terra — com uma biodiversidade latente e tecnologia industrial, arqueologia reveladora, cultura rica e ativa, Manaus precisava de um lugar para interpretar essa complexidade”.
O amplo uso de tecnologia digital e experiências sensoriais, marca da museografia de Dantas, faz com que o visitante do novo museu seja levado pela mão até a alma da cidade, sua gente e descubra a força da natureza local.
O impacto inicial se dá logo na entrada, na sala intitulada Afluentes do Tempo, na qual telões suspensos mostram como a historia da cidade se mistura com a presença do rio.
O percurso em forma de Y representa o encontro das águas do Negro e do Solimões, que formam o rio Amazonas. Mais adiante, outro painel com tecnologia touch screen leva o espectador a diferentes ambientes, com objetos do mundo caboclo, mas também outros que chegaram com imigrantes de toda parte.
Segundo a descrição do repórter Lucas Vitor Sena, do jornal Em Tempo, uma emoção especial surpreende ainda na primeira parte. Oito pessoas, com nome e sobrenome, ocupam uma canoa, de costas para o rio, e encaram o visitante; são pessoas comuns mas diversas, pois cada um é um migrante de fora da cidade, com sua própria história.
Ao final de cada depoimento, um a um eles mergulham no rio, e no chão se vê a projeção das águas agitadas pelo mergulho.
Nas salas seguintes, em outro ponto alto, esmiúça-se o fenômeno dos chamados “rios voadores”, que condicionam o ciclo das chuvas em boa parte do país: a grande umidade provoca a concentração de nuvens carregadas de água, que se movem segundo o regime dos ventos, como rios flutuantes.
Também se encontram produtos e objetos característicos da região, plantas, flores e sementes.
“Visitar o museu deveria permitir ver a cidade, sua história, sua natureza e sua gente de uma outra forma. Um local para celebrar essencialmente a diversidade humana e natural de Manaus e, ao mesmo tempo, valorizar a autoestima do manauara”, diz Marcello Dantas.
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