ANTENA

Três perguntas para
Jorge Arbache

O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, Jorge Arbache, acredita que a presença internacional de empresas e investidores brasileiros é fundamental para que a economia cresça de forma sustentada. Arbache cita países emergentes — China e Turquia são exemplos —, que investem na internacionalização de suas empresas para se integrar à economia global. O secretário falou à PIB sobre o assunto e um tema relacionado — a entrada do Brasil na OCDE:

Publicado em 23 de julho de 2018, 14:30:06

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Como o governo está tratando a questão da presença internacional de empresas brasileiras e das políticas de apoio a essa presença?
Para crescer de forma sustentada, é fundamental que você cresça mais alinhado com a economia global, seja atraindo empresas estrangeiras para o Brasil, seja o Brasil se tornando mais presente lá fora. Isso passa pela internacionalização das suas empresas. O BNDES dá uma ênfase crescente às agendas de inovação e áreas de maior risco, do intangível — entenda-se o conhecimento, marcas, serviços, toda a área de inovação. Isso necessariamente envolve o país estar mais exposto ao exterior. Não é possível que a economia brasileira cresça de forma sustentada sem que a gente tenha uma maior presença empresarial no exterior. Você observa não só a China e a Índia, mas também a Indonésia e a Turquia: são economias emergentes que veem na internacionalização de suas empresas um passo fundamental para ampliar as possibilidades de crescer de forma mais integrada à economia global. É preciso que você leve o seu produto — mais do que isso, é preciso que você leve a sua marca, que você tenha presença física e uma rede de fornecedores, que você faça fusões e adquira empresas estrangeiras que têm conhecimentos importantes, patentes e uma rede de clientes. A China e a Índia têm feito muito isso e encontram atalhos valiosos no acesso a etapas importantes das cadeias globais de valor.

O governo anunciou que o Brasil vai se tornar membro pleno da OCDE, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Em que pé está isso e quais os benefícios para o país?
A OCDE é, acima de tudo, um clube em que se discutem políticas públicas — benchmarks, parâmetros e harmonização de políticas. A nossa eventual participação vai, provavelmente, ter benefícios muito grandes em várias áreas, inclusive nas estatais, embora a gente já tenha iniciado aqui um processo de modernização das estatais — para além da nova legislação, há processos de privatização em curso. Muito mais do que uma visão de minimalismo do Estado, trata-se, aqui, da modernização do Estado. O que o governo tinha que fazer, que era oficializar a sua candidatura, já foi feito. Existe todo um conjunto de etapas, dentro da OCDE, para que essa associação avance, e isso vai acontecer nos próximos meses.

Como o governo avalia a experiência de países latino-americanos que entraram para a OCDE, como o México? Teve bom resultado?
Sim, não só com o México, mas com outros países. Temos estudos disponíveis e as evidências apontam mudanças. O Chile foi também um exemplo em que a entrada na OCDE trouxe um aprimoramento significativo da implementação de políticas públicas. Trouxe, também, maior internacionalização da economia e maior participação nos comitês da OCDE que discutem e tomam decisões que terão influência em nível global. Se você está fora dessas mesas de discussão, tem que aceitar o que mandarem; se você senta à mesa, você, ao contrário, participa da discussão e eventualmente ajuda a escrever esses parâmetros e essas políticas, seja na área de governança, seja em alguma questão associada a comércio — enfim, todas as variadas questões que estão presentes nos comitês da OCDE.

Esta minientrevista foi publicada na página 14, seção Antena, do número 38, da Revista PIB, de nov/dez/2017 e jan/2018.

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